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Trecho para reflexão

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“Já perscrutamos bastante as profundezas dessa consciência e é chegado o momento de continuarmos a examiná-la. Não o fazemos sem emoção ou estremecimento. Nada existe mais terrível que esse tipo de contemplação. Os olhos do espírito não podem encontrar em nenhum lugar nada mais ofuscante, nada mais tenebroso que o homem; não poderão fixar-se em nada mais temível, mais complicado, mais misterioso e mais infinito. Existe uma coisa que é maior que o mar: o céu. Existe um espetáculo maior que o céu: é o interior de uma alma.”

 (Victor Hugo, Os Miseráveis)

 

Karina

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Desejo

Desejo

 

Desejo primeiro, que você ame,

e que amando, também seja amado.


E que se não for, seja breve em esquecer

e esquecendo não guarde mágoa.


Desejo também que tenha amigos,

que mesmo maus e inconseqüentes,

sejam corajosos e fiéis,

e que em pelo menos num deles

você possa confiar sem duvidar.


E porque a vida é assim,

desejo ainda que você tenha inimigos;

Nem muitos, nem poucos,

e que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

para que você não se sinta demasiado seguro.


Desejo ainda que você seja tolerante;

não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

mas com os que erram muito e irremediavelmente,

e que fazendo bom uso dessa tolerância,

você sirva de exemplo aos outros.


Desejo que você sendo jovem,

não amadureça depressa demais

e sendo maduro, não insista em rejuvenescer,

e que sendo velho não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.


Desejo também, que você plante uma semente

por mais minúscula que seja,

e que acompanhe o seu crescimento

para que você saiba de quantas muitas vidas

é feita uma árvore.


Desejo por fim que você sendo um homem,

tenha uma boa mulher,

e que sendo uma mulher,

tenha um bom homem

e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte,

e que quando estiverem exaustos e sorridentes,

ainda haja amor para recomeçar.


E se tudo isso acontecer,

não tenho mais nada a desejar.


Victor Hugo

Karina

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Frase da Semana

“A vida é um campo de urtigas onde a única rosa é o amor.”

(Victor Hugo)

Karina

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Frase da Semana

“Ser bom é fácil. Difícil é ser justo.”

(Victor Hugo)

Karina

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Frase da Semana (30/08 a 05/09)

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“O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade.” (Victor Hugo)

Karina

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O Último Dia de Um Condenado

Não nos cansamos de festejar a genialidade de Victor Hugo aqui no blog. Realmente somos fãs indisfarçáveis do renomado escritor francês, que faleceu em 1885 e escreveu, dentre outras, obras-primas como “O Corcunda de Notre Dame” e o inigualável “Os Miseráveis”.

Hoje chamamos a atenção do frequentador do blog para mais um arroubo do talento inigualável de Victor Hugo. Nos referimos ao livro “O Último Dia de Um Condenado”, menos conhecido em relação aos acima mencionados, mas igualmente maravilhoso.

“O Último Dia de Um Condenado”, como o próprio nome está a indicar, conta a estória de um sentenciado à pena de morte por guilhotina que, enquanto aguarda sua execução, decide escrever uma espécie de diário registrando suas idéias,  impressões,  aflições e medos.

A sensação que o livro nos passa é aterradora e muito real,  envolvendo todas as questões ligadas à pena de morte. Fica clara a posição crítica de Victor Hugo com relação ao sitema punitivo da época.

A narrativa é muito emocionante e apresenta, em todos os seus aspectos, o clássico dilema entre o direito da sociedade em ver a punição de criminosos e o sagrado direito à vida.

Abaixo, reproduzimos trechos desse livro impressionante. Quer conhecer a angústia e o medo de um condenado à morte, caro leitor? Então, veja:

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“Condenado à morte.

Há cinco semanas vivo com este pensamento, sempre só com ele, sempre gelado pela sua presença, sempre curvado sob seu peso!


Condenado à morte!

Pois bem, por que não? Os homens – lembro-me de ter lido isto não sei em que livro, e onde só isto havia de bom – os homens são todos condenados à morte com prazos indefinidos. Então, o que há de extraordinário na minha situação?

Desde a hora em que a minha sentença foi pronunciada, quantos morreram e que estavam preparados para uma longa vida! Quantos me precederam, novos, livres e sãos, e contavam ir ver em tal dia cair a minha cabeça na praça da Gréve! Quantos daqui até lá, que andam, respiram ao ar livre e se movem à sua vontade, ainda me precederão.

E depois: o que é que a vida para mim tem de saudosa? Na verdade, o dia sombrio e o pão negro da prisão, a porção de caldo magro tirado da tina das galés, ser brutalizado pelos carcereiros e verdugos, não ver um ser humano, que me julgue digno de uma palavra e a quem eu responda, tremer sem cessar, não só do que tiver feito, mas do que me farão: eis mais ou menos os únicos bens que o carrasco me pode tirar!

Ah! No entanto, isto é horrível!

Tudo é prisão em torno de mim; acho-a sob todas as formas, tanto nos homens, como nas grades ou nos ferrolhos. Esta parede é a prisão de pedra; esta porta é a prisão de madeira; estes carcereiros são a prisão em carne e osso. A prisão é uma espécie de ser horrível, completo, indivisível, metade casa, metade homem. Eu sou a sua presa; ela esconde-me, enlaça-me nas suas dobras, encerra-me sob as suas muralhas de granito, prende-me com as suas fechaduras de ferro e vigia-me com seus olhos de carcereiro.

Ah! Miserável! Que será de mim? O que vão eles fazer de mim?

Sinto o coração cheio de raiva e amargura. Creio que o fel rebentou. A morte nos torna maus.

Fechei os olhos e com as mão sobre eles procurei esquecer, esquecer o presente no passado. Enquanto eu sonho, as recordações da minha infância e da minha mocidade vêm-me uma a uma, suaves, calmas, risonhas, como ilhas de flores neste lamaçal de pensamentos negros e confusos que turbilhonam no meu cérebro.

Eles dizem que não é nada, que não se sofre, que é um fim sereno, e a morte desta maneira é muito simplificada.

Então o que é esta agonia de seis semanas e esta ânsia de um dia inteiro? O que são as angústias deste dia irreparável, que desliza tão lentamente e ao mesmo tempo tão depressa? O que é esta escala de torturas, que vai acabar no cadafalso?

E que certezas têm eles de que não se sofre? Quem lhes disse? Sucedeu alguma vez uma cabeça guilhotinada levantar-se sangrenta à beira do cadafalso e gritar ao povo: isto não faz mal?

Ai! O que é que a morte faz da nossa alma? O que lhe deixa? O que lhe dá ou lhe tira? Onde a põe? Algumas vezes lhe emprestará olhos de carne para olhar para a terra e chorar?

E tornei a cair na minha cadeira, sombrio, solitário, desesperado.Agora podem vir! Já nada me detém; a última fibra do meu coração acaba de se partir. Estou bom para o que eles vão fazer.”

Telma

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Indicação de livro para os fãs de Victor Hugo

Indicamos aos admiradores do genial Victor Hugo o  livro do escritor e historiador francês  Max Gallo que mostra aos leitores,  além do poeta, o homem Victor Hugo com suas ambições, paixões e temores.

vol IA obra é dividida em dois volumes. O primeiro – “Eu sou uma força que avança” – mostra a trajetória de Victor Hugo desde a infância até a metade de sua vida, revelando ao leitor a genialidade precoce do escritor francês – que aos 12 anos de idade já escrevia belíssimos versos -, seus amores e também seu engajamento político desde cedo, ao denunciar a miséria do povo e ao lutar contra a pena de morte e contra todas as injustiças que presenciava.

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O segundo volume – “Esse um sou eu” – acompanha a segunda metade da vida de Victor Hugo e  retrata a continuidade do poeta na política ao ocupar cargos de relevância e o prosseguimento no combate às injustiças cometidas contra o povo. Revela ainda os momentos vividos por Victor Hugo no exílio, ocasião em que escreveu obras-primas como “Os Miseráveis”, “Os Trabalhadores do Mar”, “Os Castigos”, entre outras.

O livro também traz diversos fragmentos de manuscritos e poesias do escritor francês. Simplesmente imperdível.

Karina

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“Canção”, por Victor Hugo

Victor Hugo também brilhou fazendo poesia. Hoje trazemos o poema “Canção”, com tradução de João de Deus.

Canção

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Mulher, quando em meus braços

Te escuto uma canção

Não vês nos meus abraços

Profunda comoção?

É que o teu canto à mente

Me traz vida melhor…

Ah!

Cantai continuamente,

Cantai, ó meu amor!

Quando sorris, assume

Teu rosto uma expressão,

Que o mais feroz ciúme

Se desvanece então.

Sorriso tal desmente

Um coração traidor…

Ah!

Sorri continuamente.

Sorri, ó meu amor!

Quando tranqüila e pura,

Te estou a ver dormir

Que sonhos se afigura

Teu hálito exprimir?

Contemplo então contente

Teu corpo encantador…

Ah!

Dormi continuamente,

Dormi, ó meu amor!

Karina

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Reflexões de Victor Hugo

Presentearemos os leitores do blog com mais trechos da grande obra “Os Trabalhadores do Mar”, de Victor Hugo.

Para ler, pensar e se curvar diante da genialidade do escritor francês:

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Nada se compara à timidez da ignorância, a não ser a sua temeridade. Quando a ignorância começa a ousar é que tem uma bússola consigo. Essa bússola é a intuição da verdade, mais clara às vezes num espírito simples que num espírito complicado.

Ignorar convida a tentar. A ignorância  é um devaneio e o devaneio curioso é uma força. Saber, desconcerta às vezes, e desaconselha muitas.

(…) O ignorante pode achar, só o sábio inventa.” (Livro Segundo – O Trabalho – capítulo II)

O olho do homem é feito de modo que se lhe vê por ele a virtude. A nossa pupila diz que quantidade de homens há dentro de nós. Afirmamo-nos pela luz que fica debaixo da sobrancelha. As pequenas consciências piscam o olho, as grandes lançam raios. Se não há nada que brilhe debaixo da pálbebra, é que nada há que pense dentro do cérebro, é que nada há que ame no coração. Quem ama quer e aquele que quer relampeja e cintila. A resolução enche os olhos de fogo; admirável fogo que se compõe da combustão de pensamentos tímidos.

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Os teimosos são os sublimes. Quem é apenas bravo tem só um assomo, quem é apenas valente tem só um temperamento, quem é apenas corajoso tem só uma virtude; o obstinado na verdade tem a grandeza. Quase todo segredo dos grandes corações está numa palavra: perseverando. A perseverança está para a coragem como a roda está para a alavanca: é a renovação perpétua do ponto de apoio. Esteja na terra ou no céu o alvo da vontade, a questão é ir a esse alvo.

(…) Não deixar discutir a consciência, nem desarmar a vontade, é assim que se obtêm o sofrimento e o triunfo. Na ordem dos fatos morais o cair não exclui o pairar. Da queda sai a ascensão. Os medíocres deixam-se perder pelo obstáculo especioso; não assim os fortes. Parecer é o talvez dos fortes, conquistar é a certeza deles.

(…) A perda das forças não esgota a vontade. Crer é apenas a segunda potência; a primeira é querer; as montanhas proverbiais que a fé transporta nada valem ao lado do que a vontade produz.” (Livro Segundo – O Trabalho – capítulo IV)

Karina

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Indicação de livro

O escritor francês Victor Hugo é um dos preferidos das autoras deste blog. Não nos cansamos de ler sua obra e seus ensinamentos.

Acabo de ler o livro “Os Trabalhadores do Mar”, com tradução de Machado de Assis. Nem é preciso dizer que Victor Hugo traduzido pelo gênio Machado, é imperdível…

O livro conta a estória do corajoso e íntegro marinheiro Gilliatt, que, tomado de amor pela bela e jovem Déruchette, trava, em um local considerado extremamente perigoso por navegadores de todo o mundo (o escolho Douvres), verdadeira luta contra as poderosas forças da natureza, ao tentar impedir que a máquina essencial de uma embarcação a vapor acabe no fundo do mar.

A narrativa é permeada de detalhes precisos sobre o universo náutico, além de analisar, com sensibilidade e sabedoria, o coração humano, com todas as suas lutas internas, suas esperanças, seus medos e suas paixões.

É uma obra emocionante e belíssima. Um clássico atemporal que não pode deixar de ser lido.

Abaixo alguns trechos do livro para aguçar a vontade dos leitores em ler ou reler essa obra-prima:

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“Havia outro banco visível e próximo, no fim de uma alameda. Déruchette assentava-se ali algumas vezes.

Pelas flores que ele via Déruchette colher e cheirar, adivinhou as preferências da moça a respeito de perfumes.

A moça preferia antes de tudo a campânula, depois o cravo, depois a madressilva, depois o jasmim. A rosa estava em quinto lugar. Quanto aos lírios, olhava para eles, mas não os cheirava. A vista da escolha dos perfumes, Gilliatt compunha-a no seu pensamento.”

(…)

“Passaram-se quatro anos.

Déruchette aproximava-se dos 21 anos e conservava-se solteira.

Já alguém escreveu algures: Uma idéia fixa é uma verruma. Vai-se enterrando de ano para ano. Para extirpá-la no primeiro ano é preciso arrancar os cabelos; no segundo rasga-se a pele; no terceiro ano quebra o osso; no quarto saem os miolos. Gilliatt estava no quarto ano.

Não tinha trocado uma só palavra com Déruchette. Pensava nela; era tudo.”

 (…)

“Arquitetura que tem terríveis obras-primas. O escolho Douvres era uma delas.

Esse foi construído e aperfeiçoado pelo mar com um amor formidável. Lambia-o a água rabugenta. Era hediondo, pérfido, obscuro; cheio de cavas.

Tinha um sistema de veias que eram fendas submarinas, ramificando- se em profundezas insondáveis. Muitos orifícios desse rasgão inextricável ficavam a seco nas vazantes.

Podia-se entrar, então, com risco.

Gilliatt, pela necessidade do trabalho, teve de explorar todas essas grotas. Nenhuma delas deixava de ser terrível. Em todas as cavas, reproduzia-se, com as dimensões exageradas do oceano, aquele aspecto de matadouro e açougue estranhamente imitado do centro das Douvres. Quem não viu as escavações desse gênero, na parede do eterno granito, esses horríveis frescos da natureza, não pode fazer uma idéia do que é.”

(…)

“Acreditar-se-ia ver torcer-se nessa diafaneidade auroreal pedaços de arco-íris afogados. Em outros lugares havia na água um certo luar. Todos os esplendores pareciam amalgamados ali para fazer um que de cego e de noturno. Nada mais impossível e enigmático do que aquele fasto naquela cava. O que dominava ali era o encanto. A vegetação fantástica e a estratificação informe acordavam-se e compunham uma harmonia. Era de belo efeito aquele consórcio de coisas medonhas.”

(…)

“Era, em pleno dia, a ascensão da noite.

Havia no ar um calor de fogão. Uma lixívia de estufa saía daquele amontoado misterioso. O céu, que de azul tornara-se branco, de branco tornou-se cinzento. Dissera-se uma grande ardósia. Embaixo o mar escuro e de chumbo era outra ardósia enorme. Nem um sopro, nem um rumor. Ao longe o mar deserto. Nenhuma vela.

Os pássaros tinham-se escondido. Sentia-se a traição do infinito.

O crescimento de toda aquela sombra amplificava-se insensivelmente.

A montanha movediça de vapores que se dirigia para a Douvres era uma dessas nuvens que se podem chamar nuvens de combate.

Nuvens vesgas.

Temível era a aproximação.

Gilliatt examinou firmemente a nuvem e murmurou entre dentes: Tenho sede, vais dar-me água.”

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(…)

 “Gilliatt cismava trêmulo.

Mas não se desconcertou. Para aquela alma não havia derrota possível.

O furacão engolfava-se agora freneticamente entre as duas muralhas do estreito.”

Eis alguns trechos de “Os Trabalhadores do Mar”. Impossível postar de uma só vez. Hoje postamos trechos referentes ao enredo do livro, contando um pouco do personagem principal e suas agruras. Brevemente colocaremos outras partes que refletem o pensamento do grande Victor Hugo.

Karina

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