14 de março é o Dia Nacional da Poesia. A data foi escolhida em homenagem ao poeta Castro Alves, nascido em 14 de março de 1847.
Nada mais justo, então, do que deixarmos os leitores com uma poesia de Castro Alves:
Longe de ti
Quando longe de ti eu vegeto,
Nessas horas de largos instantes,
O ponteiro, que passa os quadrantes,
Marca séculos, se esquece de andar.
Fito o céu — é uma nave sem lâmpada.
Fito a terra — é uma várzea sem flores.
O universo é um abismo de dores,
Se a madona não brilha no altar.
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Então lembro os momentos passados.
Lembro então tuas frases queridas,
Como o infante que as pedras luzidas
Uma a uma desfia na mão.
Como a virgem que as jóias de noiva
Conta alegre a sorrir de alegria,
Conto os risos que deste-me um dia
E que eu guardo no meu coração.
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Lembro ainda o lugar onde estavas…
Teu cabelo, teu rir, teu vestido…
De teu lábio o fulgor incendido…
Destas mãos a beleza ideal…
Lembro ainda em teus olhos, querida,
Este olhar de tão lânguido raios,
Este olhar que me mata em desmaios
Doce, terno, amoroso, fatal!…
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Quando a estrela serena da noite
Vem banhar minha fonte saudosa,
Julgo ver nessa luz misteriosa,
Doce amiga, um carinho dos teus!
E ao silêncio da noite que anseia
De volúpia, de anelos, de vida.
Eu confio o teu nome, querida,
Para as brisas levarem-no aos céus.
/
De ti longe minh’alma vegeta,
Vive só de saudade e lembrança,
Respirando a suave esperança
De viver como escravo a teus pés,
De sonhar teus menores desejos,
De velar em teus sonhos dourados,
“Mais humilde que os servos curvados!
“Inda mais orgulhoso que os reis”!
/
Ó meu Deus! Manda às horas que fujam,
Que deslizem em fio os instantes…
E o ponteiro que passa os quadrantes
Marque a hora em que a posso fitar!
Como Tântalo à sede morria,
Sem achar o conforto preciso…
Morro à míngua, meu Deus, de um sorriso!
Tenho sede, Senhor, de um olhar.
Karina