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Teresinha

Chico Buarque é ídolo aqui no blog, os leitores assíduos já sabem. Resolvemos, então, uma vez mais homenageá-lo. Hoje trazemos a maravilhosa composição “Teresinha”, uma consagrada canção desse mestre.  A letra é genial e mostra um dos inúmeros trabalhos deste autor utilizando o eu-lírico feminino. Também postamos o vídeo da bela música na voz não menos bela de Maria Bethânia. Aproveitem!


TERESINHA

O primeiro me chegou
Como quem vem do florista:
Trouxe um bicho de pelúcia,
Trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha.
Me mostrou o seu relógio;
Me chamava de rainha.

Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração,
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse “não”.

O segundo me chegou
Como quem chega do bar:
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida.
Vasculhou minha gaveta;
Me chamava de perdida.

Me encontrou tão desarmada,
Que arranhou meu coração,
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse “não”.

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.

Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração.

Telma

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Teresinha

Os fãs de Chico Buarque têm o maior orgulho da canção “Teresinha”.  E não é para menos: trata-se de composição criada pela mente genial de um grande artista. Música boa para ouvir e letra irresistivelmente bem articulada. Cada dia encontramos um motivo a mais para amar e reverenciar Chico Buarque.

TERESINHA

O primeiro me chegou como quem vem do florista

Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista

Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha

Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha

Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração

Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar

Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar

Indagou o meu passado e cheirou minha comida

Vasculhou minha gaveta, me chamava de perdida

Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração

Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou como quem chega do nada

Ele não me trouxe nada, também nada perguntou

Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer

Se deitou na minha cama e me chama de mulher

Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não

Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração

Abaixo segue a música na belíssima voz de Maria Bethânia:

Telma

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Conversa de Botequim

O texto abaixo é a letra da canção “Conversa de Botequim” escrita pelo compositor brasileiro Noel Rosa em 1935.

A música retrata a figura do famoso “malandro carioca”, com seus truques e artimanhas e foi regravada por diversos cantores. Trata-se de uma composição extremamente  inteligente e bem humorada! Lamentavelmente, Noel Rosa faleceu em 1936, com apenas 26 anos!

O vídeo traz Chico Buarque interpretando “Conversa de Botequim” com o brilhantismo que lhe é peculiar.


Conversa de botequim

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa

Uma boa média que não seja requentada.

Um pão bem quente com manteiga à beça,

Um guardanapo e um copo d´água bem gelada.

Feche a porta da direita com muito cuidado

Que não estou disposto a ficar exposto ao sol,

Vá perguntar ao seu freguês do lado

Qual foi o resultado do futebol.


Se você ficar limpando a mesa

Não me levanto nem pago a despesa…

Vá pedir ao seu patrão

Uma caneta, um tinteiro, um envelope e um cartão.

Não se esqueça de me dar palito

E um cigarro pra espantar mosquito.

Vá dizer ao charuteiro

Que me empreste umas revistas.

Um cinzeiro e um isqueiro.


Telefone ao menos uma vez

Para 34-4333

E ordene ao seu Osório

Que me mande um guarda-chuva

Aqui pro nosso escritório.

Seu garçom me empreste algum dinheiro

Que eu deixei o meu com o bicheiro.

Vá dizer ao seu gerente

Que pendure esta despesa

No cabide ali em frente.


Telma

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Noite dos Mascarados

Chico Buarque dispensa comentários. Ele é uma espécie de Midas, tudo em que põe a mão vira ouro, seja no teatro, na música ou na literatura.

E como letra de música não deixa de ser literatura, resolvemos postar aqui a bela composição “Noite dos Mascarados”, escrita em 1966, em momento inspiradíssimo do maravilhoso Chico.

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NOITE DOS MASCARADOS


Quem é você?

Adivinhe, se gosta de mim

Hoje os dois mascarados

Procuram os seus namorados

Perguntando assim:

Quem é você, diga logo

Que eu quero saber o seu jogo

Que eu quero morrer no seu bloco

Que eu quero me arder no seu fogo


Eu sou seresteiro

Poeta e cantor

O meu tempo inteiro

Só zombo do amor

Eu tenho um pandeiro

Só quero violão

Eu nado em dinheiro

Não tenho um tostão

Fui porta-estandarte

Não sei mais dançar

Eu, modéstia à parte

Nasci pra sambar

Eu sou tão menina

Meu tempo passou

Eu sou Colombina

Eu sou Pierrot


Mas é carnaval

Não me diga mais quem é você

Amanhã, tudo volta ao normal

Deixe a festa acabar

Deixe o barco correr

Deixe o dia raiar

Que hoje eu sou

Da maneira que você me quer

O que você pedir

Eu lhe dou

Seja você quem for

Seja o que Deus quiser

Seja você quem for

Seja o que Deus quiser.


Link do vídeo da música no youtube:

Telma

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Ciranda da Bailarina

Chico Buarque é mesmo um gênio e isso é indiscutível. Cada vez que ouvimos ou lemos algo desta grande compositor e escritor, ficamos maravilhadas e percebemos que realmente não há limites para a criatividade e a inteligência.

Na canção “Ciranda da Bailarina”, composta em parceria com o também grandioso Edu Lobo, Chico Buarque apenas confirma seu brilhantismo incomum.

Abaixo, transcrevemos a letra da bela composição e o link para escutá-la na belíssima voz de Adriana Calcanhoto.

Para deleite de leitores adultos e mirins.

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CIRANDA DA BAILARINA

Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem…

Telma

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João e Maria: composição única e eterna.

Uma das letras de Chico Buarque que mais nos encanta, dentre tantas especiais, é João e Maria, a qual, embora haja controvérsias, foi escrita em 1977. Talvez pela pureza de seus dizeres, pela doçura da estória contada, ou quem sabe pela aura de faz-de-conta que ela passa é que a música João e Maria emociona tanto. De qualquer forma, a letra é espetacular e não nos cansamos de ouvir a melodia.

Segue a letra da maravilhosa música, para deleite dos fãs do grande Chico.

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três.

Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock para as matinês.

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz.

E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país.

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido.

Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido.

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim.

Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim.


Telma

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Chico Buarque em “Construção”

Não vamos nós ficar aqui fazendo comentários a respeito da vasta obra de Chico Buarque; não temos gabarito para fazer tal avaliação. Ele é um gênio, isso é fato, seja escrevendo, compondo canções ou em qualquer atividade. Tudo em que ele põe as mãos vira ouro.

Nossa proposta aqui é simplesmente trazer para o blog a letra da música Construção, composta em 1971. Acreditamos que seja a composição mais inteligente que Chico Buarque criou, talvez a maior do Brasil. Não nos cansamos de lê-la ou ouví-la e, sempre que fazemos isso, nos surpreendemos novamente com o brilhantismo da letra.

No conteúdo, Chico fala de um pobre homem que morre numa construção de obra civil, mas a letra da música é que é uma verdadeira construção de inteligência por meio da brincadeira (séria) que ele faz com as palavras. Confiram:

Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último

Beijou sua mulher como se fosse a única

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido

Ergueu no patamar quatro paredes mágicas

Tijolo com tijolo num desenho lógico

Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe

Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo

Bebeu e soluçou como se fosse máquina

Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música

E flutuou no ar como se fosse sábado

E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina

Beijou sua mulher como se fosse lógico

Ergueu no patamar quatro paredes flácidas

Sentou pra descansar como se fosse um pássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado”.


Telma

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