Perguntas de um trabalhador que lê

Bertolt Brecht nasceu na Alemanha em 1898. Morto em 1956, suas poesias tinham como temática recorrente o inconformismo com a realidade social e política. Brecht pregava a igualdade entre os homens e fez poesias e peças teatrais de índole política memoráveis, onde denunciava a crueldade das guerras e pregava a igualdade social.

Inconformado com o panorama político e social vigente à sua época, Brecht era um assumido defensor do comunismo e essa sua preferência fica bastante clara em suas obras, assim como a tentativa constante em alertar a classe trabalhadora para que passasse a questionar o sistema estabelecido.

O poema abaixo, intitulado “Perguntas de um trabalhador que lê”, reflete bem a visão política e ideológica deste conceituadíssimo autor. Trata-se de uma obra-prima que vale a pena ser lida e relida, gerando reflexões que cabem mesmo nos dias atuais.


“Fragen eines lesenden Arbeiters”

(Perguntas de um trabalhador que lê).

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?

Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?

E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?

Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a

edificaram?

No dia em que a Muralha da China ficou pronta,

para onde foram os pedreiros?

A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:

quem os erigiu? Quem eram

aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão

famosa, tinha somente palácios para seus moradores? Na

legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados

continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.

Sozinho?

César ocupou a Gália.

Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da

Espanha chorou quando sua frota

naufragou. Foi o único a chorar?

Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem

partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.

Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos

um grande homem.

Quem pagava as despesas?

Tantas informações.

Tantas questões.

Telma

34 Respostas so far »

  1. 1

    karina macedo rocha said,

    gostei mt desse poema por que fala muito sobre a vida de pessoas trabalhadoras

  2. 6

    SAMILA ALBUQUERQUE said,

    Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
    Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
    E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
    Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a
    edificaram?
    No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
    para onde foram os pedreiros?
    A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
    quem os erigiu? Quem eram
    aqueles que foram vencidos pelos césares?[…]

    Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro da Historia, o autor censura a memoria contruida sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que ?

    • 7

      Michael said,

      Na verdade Samila a intenção do autor não é censurar a memória dos monumentos, mais sim fazer com que os seus leitores entendam que a história não é escrita somente pelos grandes reis, imperadores ou generais, mas sim por todos os que viveram na época sendo desde um rei até um mendigo, todos participam da história.

    • 8

      A proposta do autor, não era censurar os monumentos históricos, mas sim, chamar a nossa atenção a refletir que os reis e imperadores do século que são ênfase de cada obra, não foram os legítimos responsáveis pela construção de cada uma delas, mas sim, os reais construtores foram trabalhadores que não obtinham o mínimo reconhecimento. Esclarecendo assim, a desvalorização mútua da mão-de-obra e do trabalhador.

    • 9

      Caique said,

      A crítica está no fato da História ser construída e moldada pelo pensamento e fatos visto de cima, pela classe dominante.
      Chamamos essa visão, na perspectiva histórica de “História vista de cima”, que nada mais é do que uma forma meio Comteana, positivista de contá-la.
      Através de grandes fatos e grandes nomes.

  3. 10

    Angela said,

    Esse poema é muito interessante….é tão bom que até foi utilizado na para uma questão da prova do ENEM em minha scidade do caderbo de CiÊncias Humanas ele realmente retrata a história de um trabalhador em poucos versos deste poema gostei muito!

  4. 11

    lara said,

    acho que ele quis dizer que na história sempre houve os heróis, mas que nenhum deles conseguiu suas vitórias sem a participação de muitos outros. Tanto importante é Alexandre que conquistou a Índia quanto os tantos outros que participaram desta conquista. Na história só se vê quem assinou o tratado ou quem gritou “terra a vista” no entanto não se leva em conta as pessoas que participaram do processo que levou o fato a acontecer, por menor que tenha sido a tarefa de alguem num processo, esse alguem foi importante para a concretização do fato..

  5. 12

    Roseli Nery said,

    O poema quer dizer que os trabalhadores em quem sua, mais quem leva a fama sao os governantes.

    Na epoca que ele se refere que dizer que poe exemplo: Que a muralha da china ficou pronta mais cade os trabalhadores que a construiu?? Quem levou a fama foi o Imperador e os trabalhares nem se que apareceu na foto.

  6. 13

    Jorge Miguel said,

    Muito bom comentário lara… Interessante o comentário da Roseli quando diz que uns trabalham outros levam a fama.E que nem diz um ditado popular…”Papagaio come milho, piriquito leva a fama.”…

  7. 14

    Moacir Ximenes said,

    O poema é digo de ser lido nos movimentos sindicais, estudantis, agraris. Desmascara o que impõe o tal do elitismo.

  8. 15

    jessica said,

    adorei…………………..todos os comentarios………………….valeu…………….pessoal…………………por me ajudar…………….bjus da jessiquinha

  9. 16

    O autor relata vários acontecimentos históricos. Porém, nunca soubemos os nomes de quem participou destes movimentos, apenas de um herói que recebia todo o mérito. Será que quem construiu a muralha da China tinha ao menos o que comer?

  10. 17

    iago said,

    valeu me ajudou muito

  11. 18

    Juuh said,

    Minha professora deu esse poema na prova de História. Eu vou ter que copiar ele inteirinhoo!

    Humor: Desanimada X-(

  12. 20

    debora said,

    esse poema e muito bom inclusive to estudando sobre ele

  13. 21

    debora said,

    eu gostaria e saber qual o tema principal do poema”perguntas e um trabalhador que lê”

  14. 22

    Celestino Diengue said,

    Acho que o autor clama por reconhecimento de quem tem ou teve um papel importante na historia e nao sao reconhecido talvez delo seu status social e todo o reconhecimento recai sempre nos seus governadores e quem realmente vez acontecer nunca sao conhecidos muito memos reconhecidos

  15. 23

    Isabela said,

    O bacana desse texto é que o autor atribui o real valor ao trabalhador. Ele não desmerece as conquistas dos grandes nomes, ao contrário, exalta e nos faz pensar em todos os trabalhadores que contribuiram para conquistas. Somos todos indivíduos de mudança, com nossas ações fazemos história, com nossas contribuições individuais nossa sociedade dá passos importantes na história. Muito bom!

  16. 24

    […] Em https://literaturaemcontagotas.wordpress.com/2010/03/06/perguntas-de-um-trabalhador-que-le/ […]

  17. 25

    Luana said,

    Mas como relacionar a reflexao do poema com a historia???

  18. 27

    roselene helena romao said,

    quem fez a historia,quem a escreveu,por que devemos estuda-la

  19. 28

    Joyce Carvalho said,

    Gostaria de saber em que categoria de fonte história a poesia se encaixa ?

  20. 29

    Fernando Berardo Toscano said,

    Pena que querem tirar essa oportunidade de criticidade de nossos alunos com a “escola sem partido”.

    • 30

      Vilena said,

      Acredito que isso não tem nada a ver. o que não se quer é que o professor incuta em seus alunos as suas posições politicas e que discrimine quem pensa diferente dele.

  21. 31

    Vandileia Oliveira Dias said,

    Obrigado pessoas lindas!! o texto/poema, os comentários inteligentes, tudo contribuiu. Obrigaduuuuuuuuu história/pedagogia.

  22. 32

    Adriely said,

    Adorei realmente muitos fazem poucos levam o mérito

  23. 33

    Quem, afinal,construiu a cidade de Tebas, a Muralha da china e os arcos de Roma?

  24. 34

    Maria Júlia Maffeis Moreira said,

    Amo esse poema.
    Nós sempre estamos vangloriando quem lemos nos livros de História, quem nossos professore citam em sala de aula. Mas o poema trata, justamente, daqueles que realmente fizeram, que construíram, que trabalharam. Aqueles que, muitas das vezes, nos esquecemos completamente.
    Quando pensamos nas pirâmedes do Egito, por exemplo, quem vem à nossa mente? Certamente, os farós. Mas e os matemáticos, arquitetos que planejaram? E os escravos que carregaram todas as pedras?
    E, por mais que não sabemos seus nomes, tanto dos que viveram no Egito antigo, quanto os outros todos, devemos sempre nos lembrar deles, e Bertolt Brecht escreveu de uma forma tão leve mas que nos deixa pensando que César não teria conquistado nada se não tivesse um cozinheiro com ele. Que não são só os “importantes” e famosos que choram ou sofrem. Que o mundo não seria do mesmo jeito se os “invisiveis” não existissem.


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