Já dedicamos espaço neste blog ao grande poeta Olavo Bilac e, como dissemos, foi ele um escritor da escola parnasiana da literatura brasileira.
Os poetas parnasianos eram também chamados de “impassíveis”, pois suas poesias cultuavam a forma perfeita e a objetividade, passando longe do romantismo. Mas, Bilac foi diferente: imprimiu emoção em seus poemas tecnicamente perfeitos em rima e métrica…
O próprio escritor afirmou não ser concebível um poeta “impassível”. Segundo ele mesmo observou “uma estátua, quando é verdadeiramente bela, tem sangue e nervos.”
Olavo Bilac tinha sangue, nervos, coração e muito talento. Vejam:
Via láctea:
Soneto XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Karina