Hoje é dia dos namorados. Nada melhor para homenagear o amor que uma bela poesia de Vinicius de Moraes, que , como ninguém, cantou em prosa e verso o sentimento mais importante do mundo. Ele conhecia a linguagem dos amantes…
Seguem abaixo as poesias “Soneto do Amor como um Rio”, escrita em 1959, e o clássico “Soneto do Amor Total”, de 1951, verdadeiros presentes deixados pelo poetinha a todos os enamorados.
SONETO DO AMOR COMO UM RIO
Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo,
Eu já não cria que existisse mais.
Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.
Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo
E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.
SONETO DO AMOR TOTAL
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito a amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Telma