Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos fez parte do pré-modernismo brasileiro, tendo nascido na Paraíba, em 20 de abril de 1884. Foi um poeta bastante peculiar, com uma obra voltada não raro para a escatologia, com direito a referências a vermes e excrementos.
A crítica literária classifica Augusto dos Anjos como um cientificista-naturalista, apresentando como temáticas constantes em seus poemas o pessimismo e a morte. Seu único livro de poesias, publicado em 1912, denomina-se “Eu”.
Abaixo segue um dos poemas desse singular autor, que trata da temível consciência humana:
O morcego
Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede…”
– Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh´alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Telma